sexta-feira, 28 de junho de 2013

O lado oculto das manifestações populares

          Nesse artigo mostra um pouco o lado menos visível das manifestações populares.  Artigo feito por colaboração do amigo e leitor Paulo Eduardo.


REINVINDICAÇÕES ATENDIDAS

          As manifestações tem sido uma forma muito positiva de mostrar que a população está mais alerta e fazer a classe política sair da sua zona de conforto, na qual desprezava totalmente os anseios populares.

          Por exemplo, as manifestações rapidamente reverteram certa tendência do congresso de aprovar a PEC 37, que favorecia a impunidade de corruptos ligados ao governo, uma vez que a Polícia Federal, pertencente ao executivo, se tornaria um órgão exclusivo de investigação, sem nenhum controle externo.

MEDIDAS PALIATIVAS

          No entanto, para sair do óbvio e mostrar o lado oculto de um fenômeno positivo, gostaria de levantar alguns pontos preocupantes.

           Inicialmente vale constatar o óbvio: os políticos são especialistas em entregarem os anéis para ficaram com os dedos. Eles não estão dispostos a transigir em algo realmente relevante.

Um exemplo nessa linha é a questão de tornar corrupção um crime hediondo. É legal, mas não resolve o problema da corrupção. Muito mais importante seria simplesmente aplicar a lei já existente em tempo hábil! Não adianta nada um crime ser hediondo se os poderosos, via de regra, não irão ser condenados, por centenas de motivos. Veja que o caso do mensalão é muito mais uma exceção do que regra e que ninguém ainda foi preso.

REFORMA POLÍTICA E MANIPULAÇÃO

          Infelizmente, o que os políticos gostam de fazer é usar a presença do povo nas ruas para manipular o próprio povo. Por exemplo, a reforma política, se for promulgada por consultas populares, pode trazer monstros tenebrosos, se forem bem disfarçados pelo Marketing.

          Não quero aqui discutir a reforma política. Vou apenas focar em um ponto.

          Por exemplo, o atual governo alega que o financiamento público das campanhas resolveria o problema do poder econômico, ao "eliminar" as campanhas milionárias.
Não é bem assim. Primeiro, seria mais uma gastança desenfreada paga diretamente pelo povo. Segundo, as verbas seriam distribuídas de forma proporcional às atuais representações no congresso, ou seja, PMDB ou PT. Desse modo estaria a serviço de manter o governo no governo. Finalmente, tal medida não combate o caixa dois, elemento preponderante que financia as campanhas eleitorais.

          Alguns países decidiram proibir a doação feita por empresas, limitando-se a doações individuais com um teto máximo. No entanto, o mais importante é apertar o cerco contra o caixa dois, aperfeiçoando a legislação eleitoral e, principalmente, agilizando o rito processual. Como se pode ver, são medidas técnicas, que precisam ser debatidas e dificilmente solucionáveis por plebiscito ou referendo.

SE AS MANIFESTAÇÕES VIERAM PARA FICAR

          É provável que as manifestações vão perdendo a força, porque é a tendência natural desse tipo de fenômeno. Depois de algum tempo, a maioria das reivindicações se tornam cada vez mais genéricas ou utópicas e as pessoas se cansam.

Por outro lado, se as manifestações se tornarem cada vez mais numerosas, com espasmos de violência isolados multiplicados pela mídia; isso pode criar um ambiente de turbulência econômica, como irei explicar.

Em um ambiente conturbado, a confiança na economia tende a cair, junto com as vendas no varejo, menos pelo medo direto nas proximidades das manifestações e mais pela insegurança crescente em relação ao futuro e ao emprego. Desse modo, cai o nível de investimentos, porque as empresas tendem a ficar em compasso de espera, o que provoca um crescimento ainda maior do desemprego.

Finalmente, diminui a atratividade internacional para investimentos no Brasil, porque lá fora se enxergam as manifestações com lentes de aumento. Isso, por sua vez, termina por ser mais um fator de pressão contra o dólar, ao diminuir sua oferta.

Um ambiente de estagnação, aliada à pressão sobre o dólar, cria pressões opostas sobre a inflação, mas a taxa de juros poderá crescer, o que deprime ainda mais a economia e o nível de emprego.

Uma economia desfavorável aumenta a insatisfação da população e exerce uma pressão maior para aumentar as manifestações, o que pode se tornar uma espiral crescente e imprevisível.

Esse é um alerta que se deve fazer, porque mesmo não sendo agradável, é bem real.

O QUE FAZER

Desse modo, há um impasse, porque as manifestações são importantes e, ao mesmo tempo, perigosas.

A organização das manifestações deveria repudiar o uso de máscaras e qualquer tipo de violência, atuando para isolar e denunciar os vândalos, porque, ainda que eles sejam uma pequena minoria, prestam um grande desserviço às manifestações.

A polícia deveria atuar para garantir que as manifestações fossem pacíficas, estando do lado dos manifestantes e não contra. Se houvesse esse entendimento mútuo entre os manifestantes e a polícia, a violência seria mais difícil de ser deflagrada, o que é bom tanto para o governo quanto para a população.

Sou contra a interdição completa de vias que tiram qualquer opção de circulação. Isso prejudica pessoas a caminho do hospital ou maternidade, provoca deterioração de cargas perecíveis, causa grande diminuição de toda a atividade econômica no entorno, além de aumentar muito a poluição e o stress.

O efeito negativo das manifestações na economia se deve em grande parte ao pequeno lado violento das manifestações. Se uma manifestação pacífica com 50 mil pessoas, termina com 1 carro incendiado por 3 vândalos é a foto dele pegando fogo que sairá no jornal, TV Globo e CNN, espalhando o medo e a incerteza.

Outra opção, mais duradoura, é estimular a atuação política de ONGs não partidárias, congregando dezenas de milhares de pessoas, no sentido de atuar dentro das instituições, pressionando, cobrando e reivindicando. Listas negras bem articuladas poderiam servir para afastar das urnas políticos mal-intencionados.

Isso tudo poderia culminar na formação de um partido, especialmente se houver uma reforma política decente. O que existe hoje mal pode ser chamado de partido, são apenas agremiações de interesses. Os partidos pequenos (ainda) idealistas como o PSOL, não tem nenhuma representatividade.

Não se pode confundir atuação política com apoio ao governo ou a oposição. Do jeito que está hoje, é tudo farinha do mesmo saco. É preciso atuar numa terceira via.

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          Se quiser mais detalhes sobre este assunto, ou algum esclarecimento, escreva um comentário no final desta página. 

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2 comentários:

  1. Estou co uma dúvida, porque fiz uma matrícula numa escola, na qual eu nao fiz o curso, porém nao tranquei a matrícula.Esta escola protestou o meu nome com o valor inteiro da dívida.A escola fechou, e agora nao sei como limpar meu nome, procurei a escola para que podessem me ajudar, mas lá não se encontram mais. É justo que eu pague esta divida???? Teria alguma forma de retirar meu nome????Preciso muito de ajuda.Fico muito grata.

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    1. Esta escola é um curso de inglês ou de informática ou trata-se de ensino básico, médio ou superior?

      Se for um curso, acredito que o protesto não seja devido, já que você não frequentou o mesmo e, portanto, o serviço nem veio a ser fornecido e não poderia ser cobrado.

      Veja o seguinte artigo:

      http://www.resolvaja.com/2010/03/cuidado-com-cursos-de-informatica-e.html

      Neste caso entre no Juizado de Pequenas Causas (Juizado Especial Civil) contra o curso, pedindo a anulação da dívida, a retirada do seu nome do SPC, além de uma indenização por Danos Morais.

      Veja como proceder no seguinte artigo:

      http://www.resolvaja.com/2009/11/juizado-de-pequenas-causas.html

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